terça-feira, 2 de março de 2010

Propagandas governamentais: quer ver?

A Constituição Federal estabelece que a publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos (par. 1º do art. 37).

Em que pese essa orientação, os entes da federação vêm extrapolando nas produção e veiculação de propagandas que em nada educam, informam ou orientam a sociedade. Trata-se, geralmente, de vídeos produzidos para sensibilizar o público com musiquinhas emotivas de fundo, onde aparecem imagens de crianças, mulheres, negros e velhos (segmentos preferidos dos publicitários) seguida de afirmações do tipo "a prefeitura trabalha pelo bem de nosso povo", "governo do Estado do ....., trabalhando por você", ou ainda: "PAC: voltar atrás nunca mais" , etc.. Via de regra, não informam nada, não orientam em sentido algum, e em nada educam a sociedade, todavia, fazem despender uma quantia considerável de recursos públicos inutilmente vertidos, sem que qualquer benefício, ainda que indireto, seja vislumbrado pelo povo. Em alguns casos tentam sugestionar a população de que esse ou aquele programa de governo (bolsa família, PAC, etc.) realiza milagres. Em todos os casos, contam com a participação de um artista global para fazer parecer que a coisa é mesmo séria. Coincidência ou não, são os mesmos artistas que aparecerem na propaganda eleitoral gratuita (como se existisse o tributo que se paga gratuitamente).

Esse texto tem o fito de denunciar ao leitor que muitos dos desvios de verba públicas, são patrocinados através de algumas agências de propaganda e publicidade, e que essa prática se evidencia em maior proporção em anos eleitorais.

Alguns de vocês já leram em algum veículo de informação que o Ministério Público interviu no sentido de anular produções publicitárias de entes, empresas e órgãos públicos, requerendo a devolução do recurso público empenhado para enriquecer empresas de publicidade e publicitários, ou já ouviram no jornal nacional, jornal da Bandeirantes, do SBT ou da Record que é necessário dar um basta a esse tipo de prática, pelo bem da nação? Claro que não! As redes de rádio e televisão ganham pelo espaço utilizado na sua programação para essa espécie de propaganda governamental.

As redes de rádio e televisão, os jornais e as revistas, isto é, os meios de comunicação, veja só, vivenciam uma época de vacas gordas com o nosso suado dinheirinho. Vai ver que é por isso que o conteúdo das peças publicitárias faz subentender que tudo está melhor do que parece, porque, ao que parece, todos se parecem, em si mesmo considerados ou em relação ao outro, devendo-se entender o "outro", como "si próprio que se esqueceu", e eu esqueci de não me alongar no texto, em homenagem ao contexto.

Genetriz Estatal coça a cabeça tentando elucidar uma grande dúvida: Se o governo publica sua propaganda nas rádios, televisões, jornais e revistas, e se estas são autorizadas pelo poder público a empreender suas atividades (o que envolve relações políticas), quem deve ser mais crível quanto ao conteúdo que produz: o governo, o veículo de comunicação, a empresa de publicidade, o publicitário ou você no que você pensa? (rusk, rusk, rusk)

Nota: Rusk, Rusk, Rusk= o barulho dos dedos da genetriz estatal coçando a cabeça.