quinta-feira, 5 de julho de 2012

Fatos que surgem a jato quebram telhados de vidro.

Os fatos são acontecimentos percebidos pela psiquê humana, que num processo de introjeção transmutativa, dão à consciência um juízo de valor que afeta o comportamento dos povos, maculados, via de regra, por uma rede sistêmica de preceitos recebidos hereditariamente pelos filhos dos filhos, em respeito ao pai de todos os pais. Adão que nos perdoe: a dor da sua queda nos pertine! Dói como deve doer às imagens, ver de suas partes um todo dilacerado pela fatalidade, quando um espelho se quebra. Fragmentos de imagens sob o chão que sustenta passos indecisos, entre o ser e o não ser de sua convicção. Fatos são coisas que passam, as vezes rápido demais, às vezes com a velocidade de um jabuti. Fatos podem ser imperceptíveis, e,  no que podem ser imaginados, subsistem à vaga de toda e qualquer incredubilidade. Podem, portanto, não serem notados, mas fatos, como fotos, registram imagens livres daquilo que pode ter passado desapercebido de nós, atados ou não pela atenção que se exige de quem deseja compreender algo. Fatos podem ser pintados como quadros cuja imagética transpõe possibilidades factíveis. Fatos são coisas destinadas ao esquecimento, salvo se registrados pela memória do homem, do homem de verdade.
Nas últimas semanas, os fatos derem conta que o Supremo Tribunal Federal os iria julgar, mas adiaram as possibilidades. Um Ministro pediu vistas para ver os fatos registrados nos papéis escritos pelas partes, através de seus representantes processuais. Pediu vistas para conhecer do processo, porque anos não são suficientes para medir possibilidades.
Enquanto o tempo passava, o mensalão, como foi cognominado  o processo da rapina coletiva instituída no âmbito do poder, pela compra de votos, dentre outros fatos, "bocejava" adoidadamente. Um Ministro do Supremo, no uso de sua supremacia, foi visitar o ex-Presidente que, sobre os fatos, afirmara que não sabia de nada. "Eu não sei de nada", é um fato ou uma frase? Uma frase escrita pode descrever um fato, ou acalentá-lo no imaginário pessoal de alguém do povo, porque frases de efeitos geram efeitos cuja causa são fatos ocultados pelo Ministro, enquanto visitava o ex. O ex...comungado comunga do fato de que todos tem direito de defesa. Por favor: menos vistas dos autos. Foda-se o regimento interno. Onde está o regimento externo?
Um Ministro do órgão de cúpula do Poder Judiciário vai conversar com o ex-Presidente da República. Se você pensou que eu estou sendo repetitivo, saiba que a repetição se evidenciou na semana em que os fatos se repetiram, como se quisessem um prazo para a consulta de si mesmos.
Vou mudar a oração: Outro Ministro do Supremo Tribunal Federal foi falar com  o ex-Presidente da República, na semana do julgamento do chamado mensalão. Para cooptar Deputados e Senadores, o processo era mensal, mas para julgá-lo, a quem diga que deveria ser chamado de anualão. Para os pessimistas, seculão. Para nós: argh!!!
Empresários, construtoras, governo, Governadores, Prefeitos, Funcionários Públicos, ora em greve, ora em grave...descalabro existencial, promoveram fatos interessantes, em forma de Delta. Dizem que a polícia federal vai realizar uma operação batizada de operação ômega, para resolver o problema da delta sem afetar o alfa. Alfafa começa com alfa.
Essa ciranda de fatos e visitas a ex-Presidentes que não sabiam de nada são fatos, circulam entre fotos e imagens. Ministros que compreendem o princípio da imparcialidade e o da distância das partes envolvidas em qualquer julgamento, praticam atos de fato, inclusive inexistirem em caráter expressivo.
Oscar Niemayer quando projetou o prédio do Supremo Tribunal Federal imaginou, imaginamos, que o órgão do Judiciário deveria zelar pela transparência. O povo de fora enxerga os Ministros e seus acessores, mas as janelas de vidro podem quebrar, sobretudo quando o que os telhados ocultam são desenhados à luz da obviedade mais singela; obviedade oculta pelo fato de que, de acordo com a lei, todos são inocentes, até prova em contrário. Prove o contrário! Vai povo! Prove o contrário se for capaz.
Se um marginal do PCC for visitar um juíz dias antes de seu julgamento, não se tratará de fato político, mas tentativa de formação de quadrilha, qualificada pelo resultado, qualquer que seja ele. Mas quando os fatos apontam para o fato de que Ministros do STF podem visitar ex-Presidentes da República antes do julgamento do Eternão, digo, do caso do mensalão, tudo é tratado como fato político. Fato criminal, fato político, fato consumado, fato, fatia, falcatrua, foda-se e alfafa, tudo são aspectos fáticos da mesma coisa.
Julgar como um jabuti ou correr para pedir benção ao ex-qualquer coisa por qualquer motivo, são fatos, e fatos, como se disse, passam rápido ou devagar. Divagar é preciso, temer não é preciso...
Para encerrar a tese de que fatos são fatos, um caça da força aérea brasileira, num rasante, transformou as janelas do prédio do Supremo Tribunal Federal em cacos de vidro. Cacos de processo...cacos de vidro.
Eu duvido que o povo não interpretou esse fato com um certo sorriso interior, proporcional ao esporro que deve ter sido gerado com o som e a supressão de sua barreira. Zuuuuuuummm.Pouuuuuuuu. Crrassssh.
Fatos podem surgir a jato. Vidros podem quebrar. Telhados insubsistentes despencarem sobre as cabeças que pensam estar sobre os pescoços de jabutis.