quarta-feira, 28 de setembro de 2011

A liberdade no contexto do Estado contemporâneo.

Levando-se em conta que esse blog prima por realojar o conceito de Estado, enquanto ente abstrato criado pela mente humana, materializado pelo fluxo do tempo, associado à reunião de interesses de que deriva, e que, queiramos ou não, produz efeitos concretos no cotidiano de todos nós, nada mais justo do que exercitar a liberdade de expressão, para falar sobre liberdade.
A genetriz do Estado está consolidada na vontade pessoal de cada integrante da sociedade, que desejando sistematizar mecanismos para harmonizar diferenças (culturais, sociais, econômicas, religiosas, psicológicas, genealógicas, etc..), permitiu que parte de seu interesse pessoal fosse substituída pela de um ente coletivo, desde que respeitada a finalidade maior dessa transmutação quase alquímica: o respeito ao seu fim precípuo: o bem comum. Como definir que espécie de sistema desejamos sem antes deliberar com os princípios que nos une, na qualidade mediata de súditos indisponivelmente livres?
Dentre todos os princípios, quer nos parecer, a liberdade representa o princípio fundamental sem o qual nenhum outro poderia subsistir. Não existe igualdade quando todos são levados a se inserir num plasma axiológico que covardemente unifica dinstinções naturais, privilegiando, ao invés da igualdade, a massificação de padrões estereotipados, inclusive quanto às definições que se emprestam a todos os princípios que subsidiam o sistema legal de um Estado constituído para
fomentar o progresso individual e coletivo de seus partícipes (que autorizaram a sua instituição).
A liberdade pode ser traduzida como o atributo genuinamente humano que permite a cada um decidir como valorar o outro, a partir dos fatos externos que evidenciam o conceito de relação pessoal. Num segundo momento, como faculdade de pensar e agir por si mesmo a respeito de tudo, assumindo a responsabilidade pelos efeitos eventualmente produzidos.
Sem liberdade não se pode falar em igualdade, mas em uniformidade. Não se pode falar em fraternidade, mas em hipocrisia coletivamente instaurada. Não se pode falar sequer em liberdade, porque então essa expressão teria sido calcada artificialmente no espírito de todo aquele que não seguisse padrões existenciais próprios. Todos se aprisionariam no conceito, tornando-o esvaído de sua própria essencia. Sendo naturalmente uma faculdade desprendida da alma humana, sem liberdade irrestrita, berraríamos "liberdade" querendo dizer, na verdade, "béééééhh", após, claro, nos fartamos da alfafa nossa de cada dia.
Toda e qualquer aparência de liberdade deve ser urgentemente erradicada da alma dos povos, do contrário, serão obrigados a engolir estruturas formalmente aparelhadas para vender ilusões em forma de ações de governo, com direito a dia da independência e tudo. Não existe dia da independência para uma nação feita de homens e mulheres que possuem alma. Já nascem livres, como nos ensina a Constituição Norte-Americana e a Declaração Universal dos Direitos dos Homens.
Eis o que nos cabia: recordar de nossa liberdade para lembrar que ela precede a qualquer ente abstratamente gerado e que, qualquer tentativa de manietá-la (tentativa, pois atributos anímicos não podem ser aprisionados com corpos ou mentiras), direta ou indiretamente, deve urgentemente ser trasladada para o quinto dos infernos, local onde Dante se bronzeia e debate sobre as mazelas diabólicas que todo e qualquer político sabe de cor e salteado. É! Liberdade não é desordem nem libertinagem, mas a possibilidade de modificar sensos estreitos acerca do conceito de evolução humana.
O Brasil está acima do purgatório mental a que tentam nos submeter. Sejamos livres antes de sermos cidadãos lacônicos, ironizados pela criminosa estrutura de poder que não permite que os nossos "bééééhhsss" sejam substituídos por inteligência própria, inabalável diante de discursos fáceis e repetitivos.
Liberdade, ainda que tardia....estória pra boi dormir. Liberdade é e sempre foi...livremente nossa.
Valeu!!!