terça-feira, 20 de julho de 2010

O estado da cultura nacional que o Estado patrocina.

Há algum tempo alguém me apresentou a um livreto sobre algum assunto e, folheando-o, notei que contava com o patrocínio de uma empresa estatal local. Imediatamente comecei a tentar imaginar o caminho percorrido entre o intuito de escrever que outrora moveu o escritor e a ultimação de sua obra, então, sobre as minhas mãos. Não ousei, todavia, questionar o seu conteúdo. É que eu não arrisquei lê-lo temendo me vincular ao partido político do cara que colocou o outro cara na presidência da empresa, que por sua vez, nomeou aquela cara (de pau?) no conselho administrativo que aprovara a nomeação do fulano que iria autorizar a rubrica cultural do Autor, que eu nem sei quem é. Deixa-me explicar: foi um presente "gratuito" de alguém que conhecia alguém da empresa, e, sabe como é né, de graça, sobretudo em época de campanha eleitoral, significa "danou-se: vai votar nela (ou nele) ". Ou quiçá: "tá me devendo um favor meu....". Fico feliz em saber que as empresas reservam parte de suas reservas para colaborar com a evolução cultural do país, mas me preocupa quando essa empresa é pública e quando o público ignora o processo que realiza a ponte entre a vontade de escrever um livro, a sua edição materializada e sua distribuição evidenciada pela entrega gratuita aos passantes de plantão, de então ou de sempre. O mesmo raciocínio vale para todas as artes. Que tipo de peça teatral poderia ser aprovado pelo conselho gestor da empresa pública que porá dinheiro público na cultura pública, para o público em geral? Algo do típo "vem pra peça você também....vem"?
De certa forma, parece existir um plasma psíquico que insiste em se acomodar nas glândulas mamárias do Estado - essa vaca gigantesca - plasma esse que congrega, com sua gosma indestrutível, políticos, escritores, atrizes e atores, diretores e roteristas, blablabistas e outros horrores existenciais que insistentemente influenciam para a mantença do status quo imperante.
Quando eu for comprar meus pãezinhos, meditarei sobre o imposto cobrado sobre o trigo, o latifúndio, o combustível do trator, o sal do mar e os moinhos....sem ventos aparentes. Quando eu for comprar meus pãezinhos, lembrarei que a única iniciativa privada digna de lembrança nesse respeitável veículo de manifestação, é aquela consignada na capa do polêmico livreto, por parte da gráfica, quando inseriu a marca de um governo qualquer, insinuando-se assim: Brasil um país de todos.....complemento: os que votam em mim! (agh! desculpa! vomitei.)

( ) espaço em branco para o patrocínio da Caixa Econômica Federal
( ) espaço em branco para o patrocínio do Banco do Brasil
( ) espaço em branco para o patrocíno dos Correios do (???) Brasil
( ) espaço em branco para o patrocínio da Petrobrás
( ) espaço em branco para mensagens e patrocínios de sindicato de qualquer categoria.
( ) espaço em branco para a nova empresa estatal de petróleo que ainda não foi criada
( ) espaço em branco para qualquer empresa pública que vir a ser criada
( ) espaço em branco para qualquer empresa pública ou privada que não joga dinheiro na latrina - por isso eu sei que esse espaço em branco continuará branco.
( ) espaço em branco para quem quer patrocinar o espaço em branco