quarta-feira, 16 de março de 2011

Carcará: pega, mata e come o dinheiro público.

Hoje me deparei com uma matéria publicada no jornal "O Globo" difícil de introjetar. Noticia-se que Maria Bethânia teria recebido R$ 1.200.000,00 para montar um blog, cujo conteúdo, além do normal, contaria com a participação da referida artista interpretando algumas poesias especialmente escolhidas para tanto.

Considero Maria a melhor intérprete viva do momento e admiro muito o trabalho que realiza interpretando textos e poesias de autores famosos, como Fernando Pessoa, Castro Alves, etc., todavia, não posso deixar de registrar - confirmada a informação - minha mais profunda decepção. Que o Ministério da Cultura transmutou-se em Centro de Deformação das finalidades intrínsecas esculpidas no texto constitucional, um lugar onde o amigo do amigo do rei é saudado como fonte provável de uma erudição carimbada pelo filho da puta que o outro filho da puta colocou lá, em cargo ocupado em comissão, não se constitui novidade, mas que artistas como Maria Bethania, sujeitar-se-iam a aceitar tamanha soma para viabilizar uma coisa tão trivial, realmente me surpreendeu.

É chegada a hora do povo compreender porque muitos artistas se reunem em torno de animais políticos que tentam cooptar sua inteligência em busca de votos. Para não me alongar no assunto, remeto o leitor a matéria anteriormente publicada (20/07/2010), sob o título "O estado da cultura nacional que o Estado patrocina " .

Artistas que cultuaram em suas obras o repúdio à imoralidade, a defesa do pobre e oprimido, a justiça social, o trabalhador e outros temas popularescos, vem demonstrando que sua alma pode, na verdade, estar recheada de dólares, dinheiro público fácil, politicagem e outras sacanagens que são geradas em solo pátrio há séculos.

Quem está no comando do Ministério da Cultura atualmente? O Sarney? Não! (responde alguém). O Collor? (não!). O Paulo Maluf então!? (não porra!). Um general da ditadura militar? (eta, sai fora meu!). O alguém que sabe assopra que é irmã de um grande compositor que fez um grande show no canecão com Maria, mas eu não entendo de MPB e fico babando diante de tanta ignorância de minha parte.

Carcará é uma ave que avoa que nem gavião....não...Carcará é um espírito de porco que finge que luta a favor dos oprimidos em troca de um milhão...

Alguém poderia me emprestar um milhão e duzentos mil para eu declamar poesias nesse blog?

Fica solicitada escusas se a matéria não tiver embasamento fático ou factível, mas se crível, então é incrível que ninguém faça nada para apurar tamanha falcatrua cultural, política e prejudiciosa ao erário público.

Quando se fala em incentivo à cultura, que não se entenda que o Estado deve cooptar artistas para barganhar possibilidades, estranhas ao conceito de eticidade, nem consolidar o deplorável pelo amor ao enauseante, mas se quer dizer que a "sociedade" deve se mobiliar para fomentar possibilidades que viabilizem a liberdade de expressão, preferencialmente, de forma a contribuir com o aprimoramento da inteligência coletiva, se não de toda a nação, ao menos de Santo Amaro.

Calhordas: desuni-vos!

quarta-feira, 9 de março de 2011

Ajustando o nariz longe dos óculos.

Em relação à matéria anterior, quando se abordava sobre miopias e coisas afins, registramos que o jornal Folha de São Paulo anotou o sucesso do empreendimento (palestra de Lula aos empresários), com cerca de duas mil pessoas assistentes (no sentido de assistir com os olhos, míopes ou não), havendo o evento sido patrocinado pela empresa IG e por "clientes e parceiros", o que, se verdadeiro o cachê cobrado por Lula (é claro, isso só pode ser uma peça teatral), ele praticamente garantiu uma aponsentadoria muito maior do que aquela constante da tabela instituída pelo INSS para animais comuns e do povo.
Não lembro o que escrevemos na matéria anterior (o pior cego é o que não quer ver) e estou sem óculos no momento, razão pela qual não vou arriscar comentar o assunto (em terra de cego que tem óculos as vezes prefere esquecê-lo na gaveta).
Onde estão as minhas mãos!!??
Ei!! Quem apagou as luzes?

quarta-feira, 2 de março de 2011

Em terra de cegos, quem tem miopia não pode afirmar que viu.

Estava lendo o jornal Folha de São Paulo na internet, quando me deparei com uma notícia imprensada do lado direito de quem ao jornal lê, dando conta que nosso excelentíssimo ex-Presidente da República vem faturando alto com palestras a empresários interessados em ouvir acerca de suas experiências e, pasmem, seus conselhos econômicos.

Achei curioso que um ex-metalúrgico, ex-socialista, ex-sindicalista, pudesse congregar empresários ao seu redor para dar, dentre outros, lições de economia. Haveria se tornado também um ex-analfabeto econômico ou um ex-idiota que combatia o capital até chegar à Capital do país?

Enquanto lia a notícia imprensada na tela, comecei a questionar minha própria capacidade de lidar com mudanças, bem como o excesso de severidade com que julgava o meu próximo. Porque esse personagem de nossa história havia finalmente encontrado o seu "eu interior" e descoberto que sua grande paixão era mesmo o capital (não me refiro a obra de Karl Marx), após haver embarcado na Capital e conhecido o Capitolum e o Presidente Obama, isso não seria motivo para repudiá-lo, repugná-lo ou deixar de amá-lo, ainda que sua história política tenha sido construída através de uma personagem criada pela Ford, que berrava em megafones que o povo unido jamais seria vencido, criara o partido (desmantelado?) dos trabalhadores e combatia o mesmo FMI para quem autorizou o empréstimo de milhões de dólares em seu governo.

Envergonhado, culpei-me pelos sentimentos que brotavam da minha alma. Afinal de contas, todos tem o direito de mudar e se o Lula compreendeu a importância da livre iniciativa, porque não aplaudi-lo e prestigiar as suas palestras?

A notícia deu conta de que estaria cobrando cerca de R$ 200.000,00 (duzentos mil Reais) por palestra e que sua agenda estaria lotada. Ora bolas, o que tem isso de mais? (ruminava meu "eu inferior" esquisofrenando o embalo daquelas indagações impertinentes).

Para o estrangeiro, o valor era bem maior, informava o respeitável veículo de imprensa, imprensando a nota sobre o fato do lado direito de quem olha a tela do computador.

Ironias à parte, o que um analfabeto que não consegue sequer falar direito poderia ensinar à Votorantim, à Gerdau, à empreiteira Essa e Aquela? Reposta: "informações privilegiadas".

Virou moda ex-presidentes da réles pública sobrevier de palestras cobrando quantias consideráveis (o jornal informa que o Fernando Henrique cobra em torno de cento e vinte mil) e, se como políticos não entendem porra nenhuma de economia, a única explicação viável aponta para o fato de que, desde a era Clinton nos Estados Unidos (que iniciou o modelo em amplitude internacional), inventou-se uma nova forma de vender informações privilegiadas: "fingir que vai dar uma palestra".

Ei, berrou a minha consciência: "você não pode pensar assim. É mesquinho e você não pode provar!".

Então eu acordei desse pesadelo que me acossou a paz durante virtuais segundos e, suado, pude constatar que tudo, exceto a notícia que eu li, não passara de um preciosismo de minha mente, mentindo para a minha realidade, na concepção de meus adormecidos traumas existenciais. Sigmund , o psicólogo, sorriu de mim ao lado de Dante.

Claro, pensei: "por duzentos mil Reais o Lula pode ensinar os empresários a ganhar dinheiro né!?

Claro, se o espaço alugado para receber os interessados comportar cerca de duzentos lugares, o "ingresso" custaria cerca de mil Reais. Mil Reais para ouvir o Lula falar......já ouvimos falar em lavagem de dinheiro, mas de informações privilegiadas.....cchhhiiiuuu! alertou minha consciência.

Claro. Todos tem o direito de se reunir pacificamente. Vou me reunir com o bom senso de toda uma nação (bem longe de Lulópolis, de preferência).