segunda-feira, 30 de maio de 2011

Para uma vida melhor: melhorará.

Tendo em conta que recebemos vários comentários através de nosso endereço eletrônico (cujo acesso é visualidado no icone "visualizar meu perfil completo" da nossa página - ao lado), bem como alguns através dos comentários que estão disponíveis após a edição de cada matéria, resolvemos, primeiramente, agradecer pelas intervenções, favoráveis ou não, tanto ao texto quanto ao contexto da matéria "Pruma vida mior", a qual esta se reporta.Isso significa que, em algum grau, a educação ainda repercute no ambiente das pessoas comuns que, de alguma forma, imaginam que possam contribuir para o aprimoramento do "sistema", ou, quiçá, da educação desvinculada de qualquer processo ou regime estatal a impor "rótulos de ser ou não ser, assim ou assado".
Recebemos desde link's sobre o discurso da professora Amanda Gurgel, até puxões de orelha questionando se havíamos entrado em contato com a obra "Para uma vida melhor", objeto da notícia veiculada pela Folha (e toda a imprensa nacional) e - a notícia - essa sim, comentada por nós.
Primeiramente cumpre salientar que o objeto da matéria não foi o livro em si, mas o contexto em que ele foi noticiado pela imprensa, razão pela qual os textos polemizados vieram grafados entre aspas. Como entendemos cabível a crítica acerca da dúvida sobre o nosso efetivo contato com a obra polemizada pelos meios de comunicação, aproveitamos para fazer uma mea culpa e confessar que não havíamos entrado em contato direto com a obra quando comentamos o texto da Folha de São Paulo (mais ou menos reproduzido pela imprensa nacional em seu todo considerada).
Através de uma crítica muito bem postada realizada por uma leitora, acessamos ao link enviado pela mesma e pudemos conhecer o conteúdo do (ou de um capítulo do) livro e compreender a estrutura de sua elaboração. Como a Genetriz é democrática, repassamos o endereço para a sua consulta: http//www.acaoeducativa.org.br/downloads/v6Cap1.pdf - Genetriz também é difusão de opniões contrárias.
Ao lermos os comentários de um anônimo (leiam o comentário abaixo do texto da matéria) pudemos inferir, pela linguagem, pelo roteiro argumentativo e pelas siglas referidas que deve se tratar de um(a) professor(a) da rede pública (porque enviou também o discurso da professora Amanda Gurgel divulgado pela rede youtube), que segue um fundamento pedagógico centrado num programa desenvolvido pelo Estado (ou professores do Estado) apaixonado(a) pelo tema (professores sempre terão a minha eterna reverência), todavia, com o espírito maculado pelas teses aprisionadoras dos órgãos estatais, quando transformam jargões históricos em métodos pedagógicos e bombardeiam os professores da rede pública com a idéia de que os referidos jargões referenciam o espírito, na luz que possam fazer resplandescer, quando a educação não é tratada como método de aprisionamento mental, mas liberdade anímica ínsita a idéia de se possuir um espírito, portanto livre.
Da crítica, frize-se, muito elegante e bem postada (e bem-vinda), extraímos alguns vícios comportamentais que reputamos naturais (a menos que não se trate de professor ou educador da rede pública de ensino), dentre os quais destacamos: 1)a defesa da tese de que, por sermos advogados, não podemos comentar sobre educação; 2) a alusão a Paulo Freire sem o provável exame do contexto de sua obra e como se propugnar por algo contrário fosse o equivalente a falar mal do Papa; 3) a opinião desvairada que aponta para o fato de "só quem pode falar sobre o tema com PROPRIEDADE (em caixa alta mesmo) é quem foi professor ou aluno do EJA; 4) a defesa da tese de que quem não é ela própria (a pessoa anônima que nos agracia com sua crítica), pauta-se em "achismos", tem visões lineares, e cheias de "pré-conceitos" (sic).
Em nossa defesa, sustentamos que mesmo quem não ensinou ou aprendeu pelo EJA (deveria ser AJA) não apenas pode, mas deve acompanhar o debate sobre a matéria "educação", pois, apostar no contrário, seria delegar ao Estado, com o autoritarismo (inclusive conceitual) que lhe é característico, a missão de tornar os educandos massa de manobra ora para a eleição de analfabetos, ora para a aquisição de livros elaborados por grupos de professores amalgamados por um estranho interesse em produzir e vender obras cujo conteúdo ideológico torna evidenciável a existência de cartéis pedagógicos que sustentam professores unidos pelo ensejo da venda de livros, algo como o "sindicato das produções quaisquer" a pretexto de pedagogia. É um absurdo pretender que somente professores possam falar sobre educação, como, no mesmo sentido, somente advogados falarem de lei, somente médicos falarem de medicina, ou somente um somente poder limitar evidenciáveis "poréns". Visão linear possui quem pensa linearmente, como por exemplo, somente isso ou somente aquilo. Com todo o respeito: não somos alfabetizandos.
Paulo Freire foi lido por nós há mais de vinte anos e, em que pese o acerto de sua tese de que as pessoas devam ser "não educadas, a priori", mas "alfabetizadas" aprendendo a escrever e falar sobre os valores que as cercam (isso é Paulo Freire em síntese), admitir que não se possa debater outros ângulos e perspectivas sobre o fenômeno educacional (o qual abrange a alfabetização), é contrariar o próprio assim chamado "método Paulo Freire", agora, enquanto processo de "educação". A coisa é mais simples do que parece. Se eu falar de Paulo Freire exaustivamente, não estarei aplicando o método desse conceituado educador, mas contraditando a sua linha pedagógica. Na época dele não havia internet nem discurso no youtube. No mais, se os educadores ainda falam de Paulo Freire como há trinta anos atrás, é sinal de que o Estado demora mais tempo do que os pais no processo de interação com novas abordagens, razão pela qual, ratifica-se a idéia de que não podemos deixar nas mãos do Estado autoritário, o comando total do processo educacional de nossos filhos, sob pena de vislumbrarmos neles, os escravos em que se tornarão nossos netos de amanhã (e sem poderem, se não forem professores, opinar sobre o tema).
Ao estabelecermos contato com a obra, e agora podemos então opinar (será?), chegamos a conclusão de que a receita saiu pior do que a encomenda. Antes não tivéssemos lido. A obra - essa sim - investe no preconeito linguístico às avessas, transformando o debate sobre o uso das normas chamadas cultas, em questão ideológica.
Lemos ali que: "Em primeiro lugar, não há um único jeito de falar e escrever. A língua portuguesa apresenta muitas variantes, ou seja, pode se manifestar de diversas formas. Há variantes regionais, próprias de cada região do país(...) "

Em primeiro lugar, "Há variantes regionais, próprias de cada região do país" estabelece um pleonasmo vicioso, pois o fato de ser regionais, só pode se referir mesmo a mais de uma região. Imaginemos a mesma frase sem o referido vício de linguagem, no contexto dado pela autora: "Há variantes regionais." A expressão é auto explicativa. Mas nóis pode falar de outros geitos né?

A ideologização da educação é sustentada de forma esclerótica, quando se posiciona no sentido de que "Essas variantes podem ser de origem social. As classes sociais menos escolarizadas usam uma variante da língua diferente da usada pelas classes sociais que tem mais escolarização. Vale lembrar, que a língua é um instrumento de poder - , essa segunda variante é chamada variedade culta ou norma culta, enquanto que a primeira é denominada variedade popular ou norma popular".
O texto leva o educador que está sendo educado a educar e ao educando a acreditar que o educando socialmente pobre não pode falar corretamente, ou seja, nos termos de sua classificação, por meio das normas cultas e que, a contrario sensu, todas as pessoas socialmente privilegiadas falam pela norma culta, algo do tipo, "Odorico Paraguaçú é quem tem razão". Isso é um absurdo lógico, mas ao aluno pobre que está sendo educado pelo professor pobre, pode estar sendo criado um esteriótipo irreal e quando tiver que escutar um pobre lhe corrigindo um erro gramatical ou de sintaxe, imaginar que pobres não são cultos, e que preferirá, então, ouvir a doutora em línguas que escreve sobre educação por meio de pleonasmos, e acreditará que somemente educadores, particulamente os do Estado, é que entendem do assunto.
Embora saibamos que as pessoas ricas tem maiores e melhores acessos ao processo de desenvolvimento educacional, não podemos associar o aprimoramento do domínio da língua a questão puramente social, porque, talvez, seja mesmo uma questão afeta mais ao espírito do que à escola. Machado de Assis que o diga.
O livro coloca o domínio da norma culta em contraposição ao, digamos, domínio da norma coloquial, como uma questão sindical, onde a idiotice deve se unir, no brado servil e imbecil que atravessa as fronteiras do saber: "Proletariados, uni-vos na sua ignorância contra os burgueses que falam corretamente". Unga, munga, dunga, completariam.
Reproduz-se parte do texto: "Contudo, é importante saber o seguinte: as duas variantes são eficientes como meios de comunicação. A classe dominante utiliza da norma culta principalmente por ter acesso à escolaridade e por seu uso ser um sinal de prestígio. Nesse sentido, é comum se atribua um preconceito social em relação há variante popular, usada pela maioria dos brasileiros. Esse preconceito não é de razão linguística, mas social."

O livro leva o aluno da rede pública a pensar que todos os "pobres" que "falam certo pela norma popular", são vítimas de preconceitos sociais pelas classes dominantes, quando o que ocorre, e isso se aprendia há décadas atrás, é que para haver comunicação é necessário que haja mais do que um emissor e um receptor, mas um código conhecido por ambos.Tudo o mais é tagarelice. O texto faz parecer que, por ser a liguagem falada pela maioria dos brasileiros, deveria se impor, algo do tipo, "a maioria vence", o que, ao nosso sentir, equivale a dizer que "quanto pior o sistema de educação, mais desculpas se terá para gastar rios de dinheiro com coisas simples e sustentar uma praga de parasitas da educação que sobrevivem de parecer que educam, quando na verdade, parece é que vendem muita receita para a doença que ajudam a reproduzir". Um viva para as editoras, cujos proprietários, se vasculharem bem, achar-se-ão entre os que defendem esse tipo de "abordagem pedagógica".
A pretexto de liberdade, o Ministro da educação informa que não tem ingerência sobre o conteúdo das obras que são pagas pelo mesmo, pois tudo fica na mão de um grupo de professores que se vinculam ao Ministério e forma uma espécie de um "pool" de educadores, que decide o que "pode estar à disposição para o consumo das escolas" . Nossa intuição nos diz que esse grupo de educadores deve ter sido organizado em forma de ONG, e, com mais ou menos certeza, recebem recursos públicos nem sempre fiscalizados pela sociedade.Como é que pode um Ministério não tomar conhecimento do conteúdo das obras didáticas que são pagas com recursos públicos e onde está a liberdade e a autonomia pedagógica se não se pode sequer criticar contextos, já que somente "educadores" entendem de educação?
Para terminar - agradecendo às críticas que nos impuseram a obrigação de tomar conhecimento da obra, para poder informar aos meu leitores sob o seu caráter didático-ideológico, e externar que a imprensa não sinalizou de forma desvirtuada o que o conteúdo desvirtuado do livro propugna (com total respeito pelas opiniões em contrário, de educadores, advogados, médicos, faxineiros, etc..).
Reproduzimos um parágrafo do texto extraído do link fornecido (obrigadão!) pela citada leitora, remetendo-nos a um arquivo pdf que reproduz parte do texto da obra comentada.

"Você pode estar se perguntando: 'mas eu posso falar os livro?'
Claro que pode (...) mas fique atento porque, dependendo da situação, você corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico".

Esperando haver contribuído com o debate (enquanto posso, apesar de ser um ignorante advogado, falar sobre o assunto, ou, antes que o sindicato dos professores que vendem livros para o MEC não me amordacem), cumpre somente esclarecer ao leitor que as regras do uso da lingua são regidos por lei (o que me insere de alguma forma no contexto do debate - uffa!!! - mas sem prejuízo da opinião contrária dos professores e outros profissionais), e que, no plano doutrinário, a definição de "norma culta" (ou legal, aprovada pela maioria em projeto tramitado pelo Congresso Nacional) e "norma popular"(falada pelos contribuintes que são educados em escolas públicas e, apesar de pagarem muito imposto, são tratados como animais mera e linguisticamente aproveitáveis) somente ganharão relevância quando a abordagem do problema migrar para o campo da "comunicação", dentro de um contexto mais refinado onde todos , pobres ou ricos, possam dominar plexos e sistemas de linguagem, numa profundidade compatível com o seu próprio espírito e vontade de aprender.
Quanto ao vídeo da professora Amanda Gurgel, agradecemos o envio, mas como não compomos nenhum sindicato de professores, em que pese todo o respeito que temos por essa importantíssima categoria profissional, nada mais podemos aduzir senão quanto quanto ao fato de que é surpreendente como um discurso tão velho tenha ganhado tanta repercussão na mídia. Não vou comentar sobre a linguagem da protagonista do vídeo, para não pensarem que sou "preconceituoso". Meu conceito de linguagem reprovou a forma pela qual ela se expressou, mas aprova em gênero, número e grau o conteúdo do discurso proferido, sobretudo quanto à audácia e coragem em dizer o que deveria ser dito, na frente de quem deveria ouvir.
Há uma distinção conceitual de considerável monta entre ser preconceituoso (falar sem conhecimento de causa) e defender um conceito (a que se aderiu por experiência própria ou pela liberdade de escolha). Meus filhos foram alfabetizados com 3,5 anos, compreendiam conceitos matemáticos básicos antes de os aprenderem na escola, portanto, falo com a autoridade de pai e educador que pôde prescindir da tese dos doutores, por acreditar que o simples é acreditar que todos os homens possuem espírito, mais do que qualquer outra coisa. A simplicidade reduz posterioridades inúteis quando ensinar se transfigura em questão zelo e amor, mais do que egocentrismos invertidos pela insuficiência em explicar o fácil, o verossímel e o provável.
Para uma vida melhor: conhece-te a ti mesmo, e conhecerás o universo e os deuses... e até Paulo Freire. Obrigado!

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Pruma vida mior

Pegamo-nos surpreendidos com a notícia de que o Ministério da Educação teria aprovado, no rol de obras didáticas vinculadas ao processo de alfabetização da nação brasileira, algumas que estariam fazendo apologia à recontextualização do erro, relativizando-o e inserindo-o no rol de uma nova gama de classificação, algo parecido com "um acerto estilizado", numa espécie de "a priori" disfarçado, seja lá o que isso venha a significar.
A orientação para que as escolas não "consertem a fala de aluno para evitar que ele escreva errado" consta desde 1997 dos Parâmetros Curriculares Nacionais --ou seja, passou pelos governos FHC, Lula e Dilma, informa a reportagem da Folha de São Paulo (18/05/2011).
No centro da polêmica encontra-se um livro, que se reputa didático, intitulado "Por uma vida melhor". Assim se exterioriza a notícia (Folha): 'Na semana passada, o site IG divulgou que o livro, ao tratar da diferença entre a língua oral e a escrita, afirma que é possível dizer, em determinados contextos, "os livro ilustrado mais interessante estão emprestado"'. Pois bem, deixemos de reproduzir textos e analisemos o contexto.
Sob o pretexto de chamar a atenção dos responsáveis pela direção e supervisão do serviço de educação e ensino acerca dos potenciais fatores de pressão psicológica vivenciados por aqueles que "falam errado", pretende-se divulgar a idéia - a pretexto de fundamento pedagógico - de que, minimizando o impacto da delação quanto ao erro, estar-se-ia criando um ambiente propício à correção, entretanto, para materializar essa hipótese didática, afirma-se que o erro não é tão errado, imprime-se essa idéia em um livro aprovado pelo Ministério da Educação, vindo a sugerir, dado o contexto noticiado, que o correto seria potencialmente preferível, transmutando o certo em possibilidade viável, enquanto o errado, contextualizado, não estaria tão errado quanto aquele certo poderia evidenciar em outros tempos.
Uma nação que minimiza falhas alterando os critérios de avaliação dessas mesmas falhas, não faz outra coisa senão minimizar a própria competência. Algo como ocultar o sujeito determinado sem entrar no mérito do predicado. O que disse (eu)?
A educação no Brasil tem sido renegada ao último plano desde há muito tempo. Modificam-se os critérios de avaliação para dar aos brasileiros a falsa sensação de melhoria no processo de desenvolvimento educacional, e, para tanto, facilitam a aprovação de alunos sob o pretexto de incentivo psicológico, incrementam os vale-esmolas para prender o aluno pelo estômago e pelo "bico" que passou a ser frequentar escolas; flexibilizam às últimas o processo de ingresso aos cursos superiores para alimentar estatísticas quantitativamente aceitáveis, todavia, qualitativamente desprezadas. Quando é que vamos tratar da educação, enquanto processo de aprimoramento do saber, como efeito do espírito (humano), enquanto fenômeno (em tese geral) que diferencia o homem dos animais irracionais?
Aprimorar o espírito pelo desenvolvimento do saber precisa se tornar uma questão de Estado e não de Governo. Verbas públicas são, quando não literalmente surrupiadas pela manada de políticos não educados, escoadas por programas governamentais que não fazem outra coisa senão se preocupar com a merenda que mantém seres humanos na degradante condição de animal potencialmente racional, para que não gerem despesas públicas nos sistemas públicos de saúde que as autoridades, não menos públicas, desprezam sistematicamente.
Aliás, antes de ser uma questão de Estado, deve ser uma questão pessoal e familiar, porque nós, pais e mães preocupados com o espírito de nossos filhos, não podemos delegar a ninguém o processo de transferência de valores construtivos, sob pena de vermos em nossos filhos, os escravos em que nossos netos se transformarão.
"Por uma vida melhor", titulo de um dos livros que são abraçados pela mente brilhante de algum burocrata da educação (incluo aí os que passam a vida estudando para obter os seus títulos de doutores e que sequer conseguem organizar um único pensamento próprio sobre qualquer questão do saber), sob os auspícios de um contestável sorriso de agradecimento esboçado pelos não menos contestáveis editores ou escritores beneficados, esses sim, melhorando suas vidas de forma deplorável, às custas da manutenção da ignorância de toda uma nação.
Nóis vai se re tirar daqui, pra nóis poder pubricar essa matéria que nóis sabe que é importante pru brazil.