terça-feira, 21 de setembro de 2010

O rei saiu do palácio para cabo eleitorar. Quem governa esse reino?

Eu cabo-eleitoro. Tu cabo-eleitoras. Ele cabo-eleitora. Nasce o verbo transitivo direto da primeira conjugação do modo presuntivo, porque a presunção é a de que nunca antes na história desse país, ficou tão evidente que a ausência de um Presidente da República, na função para o qual foi constitucionalmente nomeado (e na qual devia laborar em favor do bem comum), não significa nada para o andamento das coisas. A sociedade continua a se movimentar no sentido de seu natural movimento de evolução, mesmo que o Presidente da República passe o dia inteiro na rua, fazendo comícios em favor da candidata (e aliados políticos nos Estados) de seu partido, viajando de norte a sul (com que verbas, hein?) do país, tagarelando e cumprindo o seu mister primordial, qual seja, o de exercitar o mimetismo popular, fazendo de conta que é do povo e que se importa com o povo, confundindo-se com as pessoas que pensam que ele - o Presidente - realmente governa e é imprescindível para o deslinde dos fatos, ou mesmo, quiçá, para o progresso da nação.


Esse texto é propositadamente curto, pois, depois de muito pensar, não cheguei a conclusão nenhuma a respeito dessa evidência que , para consagrar-se científica, precisa apenas da confirmação da hipótese em caráter reiteratório (terceiro mandato via uma laranjada política?).


O Presidente da República, em campanha como se estivesse novamente se candidatando à reeleição, passa mais tempo que a própria canditada de seu partido nos arredores das praças, em entidades de classe, em meio a artistas (desinteressados, claro) e gravando mensagens para que as empresas de marketing o preparem para dizer que, nunca antes na história desse país, alguma coisa aconteceu (ele escolhe o que nunca antes na história desse país irá nunca ter acontecido).

Perplexidade, é o sentimento que melhor explica o que sente a minha alma, diante do fato de que o Chefe da nação passou o ano inteiro em campanha e ninguém perguntou quando foi que ele governou (eu vou mais além: quem disse que ele governa?). Eu gostaria de poder escrever nesse veículo de comunicação o seguinte: "gente, olha isso: o palácio do planalto está sem ninguém tomando conta e mesmo assim as coisas acontecem como se fosse necessário manter um contigente de pessoas ali, gerenciando a tomada de decisões que afetam todo o país". Mas a idéia de que isso era óbvio demais, ao invés de me desestimular, assustou-me, na medida em que, obviedade patente o fato de não termos presidente presidindo o país, ninguém parece se importar com isso. Isso é o que me importa externar: nunca antes na história desse país, um Presidente da República se dedicou tanto à reeleição de sua sucessora. Eita vontade de ajudar né? Ou estaríamos diante de um caso em que, dada a força com que o Presidente da República faz, inclusive com o uso da máquina pública, para atingir a sua meta principal (reeleger sua sucessora), a tese de um terceiro mandato invisível poderia lograr êxito se defendido por pessoas melhores qualificadas ?

Como nosso objetivo é contribuir para aprimorar o Estado Brasileiro, vamos parar de rir da situação e contribuir para o citado aprimoramento do aparelho que tem como fim promover o bem comum sem discriminações quaisquer (a todos, inclusive os que não forem do PT). Sugerimos que seja incluído no rol das matérias atinentes ao ensino fundamental, uma cadeira que poderia ser nominada "direito básico", no sentido de óbvio, mais do que evidente, inafrontável, onde se ensinaria que o cargo de Presidente estaria atrelado a um rol de funções públicas constitucionalmente atribuídas à Presidencia da República e que a pessoa ou a coisa que viesse, por desejo da maioria, investir-se naquele plexo de poderes legalmente instituídos, jamais poderia confundir-se com o nobre cargo cujo investimento (não estou falando de verba de campanha não) dar-se-ia a luz do Estado Democrático de Direito.

Se o nosso Presidente tivesse a oportunidade de aprender isso quando ainda estava no primário (antigo ensino fundamental), se é que ele possui o primário, certamente não criaria um canal de televisão "do governo", onde pudesse aparecer com sua candidata "inaugurando obras", e cujo tempo é dedicado a divulgação de sua exdrúxula imagem, ao invés de ser aproveitado com documentários, filmes (menos aqueles que contam a história de Presidente lançados em época de campanha eleitoral) e programas que promovessem o aprimoramento intelectual de seu povo.

Alegremo-nos, pois acabamos de descubrir que tanto faz o Presidente estar ou não na presidência, já que um presidente não serve mesmo para governar, mas não nos esqueçamos que há uma equipe econômica trabalhando na surdina (aliás, tem estado fora da mída nos últimos dias) para transformar a petrobrás em petroqueopariu, enriquecendo uma meia dúzia de investidores e políticos que tem informações privilegiadas, enquanto o povo, esse estranho governado, sequer se toca que o presidente não vem presidindo o Brasil há muito tempo.

Viva a não governança, porque corpos desatentos sempre dançaram ao sabor dos ventos. Viva o não nada que não faz tudo o que podia fazer pelo bem comum, viva qualquer coisa que qualquer um pode imaginar o que é, viva o que não morreu, porque nunca existiu mesmo....viva....viva...viva!

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Tenha bom siso!!!!



Ontem minha esposa indagou-me se censo se escrevia com "s" ou com "c". Meu bom senso me fez estabelecer uma linha direta com minha parca memória gramatical, e, por inevitável, imaginando que pudesse ter lido meu artigo, postado sob o título de "Tenha bom senso", respondi que se escrevia com "c" (claro, após haver me certificado de que a pergunta estava relacionada com as estatísticas oficiais do governo). Hoje, meu próprio senso de ridículo me determinou que revisasse o texto escrito sobre ter bom senso. Ao abrir minha caixa de correios eletrônicos, deparei-me com alguns comentários efetuados por eventuais leitores, encontrando, dentre eles, um que muito elegantemente me informava que censo se escreve com "c". Decidi revisitar o blog e relendo o texto, apartartei-me momentaneamente do contexto, para efetuar um censo interno, visando aferir o meu bom senso.

A par do título, cujo senso estabeleceu-se com "s", notei, no meu censo, que a expressão senso foi utilizado para explicitar que a "moça do senso" (entre aspas) estava a subir para realizar...(três pontos) o senso (sem aspas). Aspas às vezes encarceram a semântica, pensei.
Egoicamente, precisei justificar o erro para transformá-lo em acerto e me pus a revisar o texto (coisa que qualquer pessoa decente faz quando publica algo). Metáfora, pensei. Claro: "não vê que o recurso linguístico da metáfora foi usado como forma de associar a falta de bom senso com o censo desprovido de senso?" (desconsidere essas aspas)
A desculpa estava quase colando ao ego do meu senso (bom?), quando me deparei com a expressão "ressenceadora", alusiva à moça que subia para realizar o censo (escrito no texto com "s" de sinedoque), como se um mal censo, na ventura do porvir, pudesse equivaler a total falta de senso impresso pela incoerência que se pretendia demonstrar. Você errou! Pensei contraditado.
Mas o senso que revela a nova cara do Brasil estava entre aspas, dizia o advogado de meu ego contra a promotoria desvairada que me imputava o delito de erro qualificado pelo resultado, enquanto eu mesmo aumentava a pena que me impunha, tamanha a culpa que senti.
Demiti o meu advogado e confessei o crime: errei porra! A figura de linguagem era minha única testemunha, reclassificada, então, para a condição de "testemunha indefesa", posto que mostrou indefensável a tese de que de defesa se tratava a testemunha.
Indignado com a brutalidade do erro gramatical cometido, mas no uso de meu bom senso, confesso publicamente que a palavra CENSO se escreve com a letra "c" e que o texto diz respeito ao ato de angariar informações organizadas de forma a produzir dados estatísticos para fins gerencias. Pelas minhas contas (o meu censo), errei 3 vezes mais o título, que, paradoxalmente, pede pelo bom senso de todos...(três pontos, friza-se por via das dúvidas).
Até agora não sei se o título também foi equivocadamente (já que eu não erro nunca) postado.
Acho que o texto torceu o título, como um homem que olha para trás, movimentando a sua cabeça no sentido inverso ao do seu corpo.
Para minorar o erro, ao invés de mudar a posição do corpo do texto, apenas virarei a cabeça no sentido do contexto, afastado provisoriamente neste texto, conforme se dissume da leitura do primeiro parágrafo supra editado. ZZZZUUUUUMMMM!! Pronto. Olhei para a frente e coloquei o texto em harmonia com o seu contexto.
Agradeço sinceramente pela correção, prometendo a cada dia aperfeiçoar-me na correção dos textos, para que os contextos não andem para trás....
Melhor ainda: para não ter o trabalho de acertar o "censo" registrado no texto com "s" , mudarei o título do texto, para que o contexto não seja desconfigurado.
Onde se lê: "Tenha bom senso!", leia-se "Tenha bom siso".
Errata errada para acertar a certata. Obrigado pela atenção.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Tenha bom senso!


Estava no recôndido de meu lar quando o interfone tocou, anunciando que a "moça do senso" estava subindo para realizar o......senso.
Recebi-a como quem recebe alguém que realiza um trabalho importante para a nação, com pompas de embaixadora brasileira para assuntos estatísticos, até que, ultrapassada a fase de recepção e quase apresentações, sentamo-nos e começamos o trabalho para o qual ela havia sido talhada. Estava ansioso, tentava me recordar de dados importantes e relevantes, enquanto fatores de determinação de custos, de direitos e de obrigações nessa relação esquizofrênica que mantemos com a figura do Estado.
A agente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) começou o seu trabalho: O imóvel é próprio? Apropriado, pensei, mas fui respondendo as suas indagações. Qual o seu salário? Hein!? Isso ainda existe? Calma. Me localizei e pensei em termo de remuneração por trabalho prestado, embora haja vezes em que se evidencia a remuneração por trabalhos não prestados, como pude constatar nesse dia. Quantas pessoas residem na casa? Eu respondi pela minha família e pela sua integralidade, mas a pergunta seguinte foi incisiva: Todos filhos da mesma mãe e do mesmo pai? Foi aí que eu me dei conta de como estamos ultrapassados. Meus filhos são meus e de minha esposa. Que careta! Muito obrigado, disse a ressenciadora. Ei, pensei comigo, só isso? Perguntei se aceitava um café, recusado em função do tempo que possuia para realizar com profundidade perguntas tão complexas e exaustivamente elaboradas. Pediu para que eu assinasse na tela do computador de mão. Eu não sei o que eu assinei, porque não há espaço para que se possa localizar a própria resposta, sendo estranho que se tenha que assinar numa maquineta pequena, ligada a algum órgão, como quem diz que o que está ali foi mesmo informado por quem assinou, sem que se possa ler o que se infirmou sobre o que se afirmou, afirmei eu ao demônio que me acompanhava (meu anjo disfarçou e foi para a cozinha rir).
Dois dias depois, andando pela Rua XV de novembro, parei numa banquinha de jornal e li a seguinte matéria de capa: "Senso revela a nova cara do Brasil". Pela pequena nota constante abaixo da manchete de capa, deu a impressão que insinuava-se que o Brasil havia crescido e que havia mudado de cara (para melhor?). Lembrei das perguntas que me foram feitas e indaguei aos meus botões: Com apenas aquelas perguntas era possível visualizar a cara do Brasil? No máximo, pensei, daria para imaginar a cara da Receita Federal ao saber o quanto eu não ganho e o que eu não tenho (posso até imaginar o risinho deboxado do Agente fazendário).
Dando os trâmites por findos, é impressionante o que o Estado é capaz de fazer, para manter no interior de seu intestino, as mesmas bactérias de sempre. Lá, lá, lá, brilha uma estrela, lá, lá, lá. Lá e cá parecem tratar do mesmo lugar. Bactérias intestinais geram diarréias estruturais. De uma hora para outra.
Que cara o Brasil tem com essas micro perguntas que me foram feitas (imaginando que isso ocorreu com todos), é fácil de responder. Não precisava nem ter contratado o IBGE alimentando-o com nossas receitas públicas. O Brasil tem a cara de......PAU!
Amanhã, caso vocês se deparem com estudos sobre a nova cara do Brasil, saibam que espelha um ano de eleição onde imbecis usam imbecis para alimentar a imbecilidade que mantém a estrutura risível de um país continental. A cara de mentira deslavada pelas águas da conveniência política, após uma maquiagem e um retoque com creme de sacanagem e aloé.
Que o doutor Pitangui comece a se preparar, pois a coisa tá mais feia do que parece, só que não aparece.
Até a cirurgia plástica que será feita em 2020, após o acidente que irá conduzir a desconfiguração da cara ....de...do...Brasil (musiquinha de ninar para as bactérias segurarem criancinhas no horário eleitoral gratuito). Merda! Vomitei de novo.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Digite o código de seu D.N.A.

Meditemos um instante sobre nossa relação com essa figura nominada Estado, como se estivesse no ambiente mais sagrado de nosso templo ou de nosso coração. Por favor, estamos ingressando em um local previamente purificado pelos nossos pensamentos, afastando cogitações profanas e quaisquer vibrações que não se harmonizem com a santidade do lugar: o "nós mesmos" de cada dia que inspira e expira várias vezes aos mesmos dias, até que o fim se evidencie. O fim, meus caros leitores, corresponde ao derrubamento do templo pelas oxidações pouco vacilantes que fazem enrugar peles, inoperar músculos, confundir pensamentos, desacelerar corações e paixões dantes motivadas pela proximidade com o início, que a proximidade com o fim faz esquecer. Eis-nos vivos e vivificados pelo tempo que nos resta em busca da felicidade. Silêncio...silêncio...silencio.Meditemos.....

Ao nascer levamos uma palmada de alguém que sequer conhecíamos, somos, portanto, provocados a reagir desde o início, sem que, todavia, saibamos corretamente contra o quê.

São anotados os registros de nossos sinais vitais, tamanho, peso, teor de gordura, sexo, informações clínicas que se antecipam à matemática porvir que o Estado faz computar em seu banco de dados, através dos hospitais, obrigatoriamente vinculados a algum Ministério do Estado, talvez, o ministério do abate vindouro, no sentido de abate líquido e certo. Data do nascimento, signo, tipo sanguíneo, fotocópia do pezinho enquanto um pezão se prepara para nos chutar o trazeiro, para fora do hospital , depois de catalogados os dados, é claro.

Insatisfeitos com os dados clinicamente colhidos, o Estado determina que os progenitores se dirijam ao cartório de registros de pessoas naturais (como se fosse natural), para que o mesmo certifique que a prole que nasceu há dias ainda não morreu e por isso deve mesmo ter o registro do nascimento publicizada , para que todos saibam que o filho da mãe e do pai, é de fato o filho da....mãe e do pai que estavam no hospital quando isso ocorreu, conforme o declarado. É gratuito, afirmam, como quem quer dizer : "merda, essa porra viveu e vai dar despesa".

Feito isso, como porcos e vacas submetidos ao controle do órgão de vigilância sanitária, fornecem gratuitamente (vou chorar de emoção!!), uma carteirinha de vacinação, que a pretexto de controlar endemias, servem para fomentar as estatísticas que subsidiam os orçamentos anuais, com direito à emendas espúreas e tudo.

Em seguida, os registros escolares determinam quem você será, de tal maneira que o caboclo que nunca saiu de Cruzeiro do Sul no Acre esteja igualado com o aluno formado na melhor escola de São Paulo ou outro centro urbano, e ambos, igualados por mais um certificado que o Estado fornece ou autoriza a fornecer, irão compor o banco de dados do Ministério da educação, cujo principal mister é ignorar o que ocorre a sua volta. Não que ignorar não seja complexo, mas fico perplexo com a ignorância do povo ignorado por quem sequer sabe ignorar com eficiência, mas valemo-nos do que há de positivo nisso: as estatísticas que revelam o nível de ignorância do nosso amado povo, ignoram que não se pode igualar coisas desiguais (que Rui Barbosa me perdoe), e por isso, ignorados pelos pais que certificaram que seus filhos nasceram, ignoram tudo isso que eu disse. Eu mesmo ignoro o que eu disse. Na verdade, eu me ignoro completamente.
Para não enlouquecer ou esquecer de qualquer loucura, somos acostumados a pensar no Estado, que chamamos loucamente de "governo", como sendo o responsável por tudo o que acontece na nossa vida e olvidamos que nossa respiração, nossa meditação e nossa consciência começam a se agitar. Ingressam no quinto círculo do inferno dantesco.
Seguindo a ordem natural da coisas, nossas crianças, ouvindo-nos vifificar a figura do Estado a cada momento, em casa, na televisão, na escola, na rua, na .....(deixa pra lá), já oram pelo bem estar do mesmo, e, mais adiante, para o mesmo, em nome de todos os bens estares do mundo. É a deificação de um estado de coisas indetermináveis por natureza.
Cresceram e deverão ser identificados como se nunca houvessem sido identificados na vida, quando "tiram a identidade", registro que, além de geral, gera muita dúvida na geração que vêm, e que gerará a outra que poderá comprar sua identidade junto com o ship de uma empresa de telefonia qualquer (com a Anatel de olho, é claro). O Estado, no afã de reforçar o controle sobre o bando de gente que deve "governar", obriga nossas crianças a solicitar a identidade oficial, já no ensino fundamental, havendo escolas que exigem RG para matricular pessoas no ensino publico ou privado, e assim , crianças, despreparadas, regozijam-se em parecer com adultos desmiolados, com identidade e registro mais sofisticados, posto que gerais. O dedo polegar, que poderia sinalizar positivo para atitudes positivas, imprime dactilos gráficos juvenis, sem pressentí-los humanos, antes de tudo, antes mesmo de permití-los crescer de forma arejada e livre (entenda-se:organizando sua mente a partir de sua própria percepção de si mesmo e do outro). Antes disso, devem alistar-se nas forças que desarmadas pela falta de verbas, municiam a psiquê de adolescentes masculinos com balas conceituais com sabor de amor à pátria, enquanto aviões militares trasnportam Presidentes estrangeiros em ano de eleição.
Nossa criança, já então quase adulto, inscreve-se no Ministério da Fazenda e ganha outro número, número que reflete o furto qualificado que se evidenciará tão logo alguém informe ao Estado que já está trabalhando para alguém, que também possui um número, razão pela qual , logo em seguida, exigem-lhe que uma carteira de trabalho se interponha entre uma iniciativa e uma oportunidade, como se para trabalhar, fosse necessário informar ao Estado o quanto ele roubará de suas perspectivas futuras....estão entendendo onde quero chegar?!
Nessa carteira, anunciada com ares de medida positiva, informa-se que a previdência o espera sob o mesmo número e que é por isso que a sua remuneração virá menor do que o anunciado pelo empregador. Números, controles, escravidão qualificada pelo resultado.
Não vou falar da certidão de casamento, de óbito, para não cansar sua beleza, já que a proposta deste texto é fazer com que todos reflitam sobre a gradativa operação a que se submete seres humanos, sob o manto das imperiosas necessidades sociais dos mais fracos, quando na verdade, ao menos nos parece, o aparelho serve para fragilizar seres humanos e torná-los dependentes da rede social que em progressão geométrica, vem erguendo a seu redor, como uma colonia de carrapatos que sugam a força de seu hospedeiro, até que, adoentado, não consiga mesmo distinguir, bó de cró, e nós, crococas, dopados de Estado por todas as vias (circulatória, respiratória, etc.), vamos dizendo sim a uma ilusão que, à luz da ciência vem produzindo alucinações nos povos, e, o que é pior, catalogando nascimentos, casamentos e falecimentos), à revelia de qualquer vontade individual. É proibida qualquer medida lúcida de combate à ditadura imposta pelo grupo de indecentes analfabetizados que tomaram postos importante dentro da estrutura de governo, que alguns ainda insistem em chamar de Presidência da República, Senado, Câmara de Deputados, Supremo Tribunal Federal, Tribunal de (ih..ih..ih..) Contas da União. Da união, entendeu? Não!?. Relaxe. Eu também não.
Não se propugna pela anarquia geral , ampla e irrestrita, pois não pactuamos com essa idéia, mas a ordem e o progresso, consignados na flâmula que representa a nação, vem imperiosamente determinando que, a partir de agora, o Estado é quem registre em nosso banco de dados o que vem fazendo com os recursos amotinados pelas exações fiscais brutais a que submete o povo brasileiro. Que o Estado torne público, como o faz com todos os nascimentos e mortes, todo o sistema de drenagem de recursos, que representam, em algum e altíssimo grau, o sangue de uma nação que precisa se medicar urgentemente, com uma dose de inteligêncica, vontade e coragem, para chamar de cró, o que é cró, e de bó, o que é bó. Boboca, porque em campanha eleitoral você diz que nunca antes nesse país aconteceu o que não se vê mesmo!? Que o Estado registre em seus dados, mais do que o meu IP , o meu espírito de asco, contra a nojeira em que nos atolamos sob sua dependência, sob a sua irresponsável coordenação, para que , a cada dia, organizemos o nosso banco de dados para saber o que vem acontecendo no Reino da Dinamarca. Digo: Na República (ahahahahahahah!!!) Federativa (ahahahah...para vai!) do Brasil (uhuhuhuhuh..aaaaiiii!! chega, pelo amor de Deus).
Agora gafanhoto, retorne à dimensão da realidade, encerrando a meditação proposta no início deste texto, respire profundamente e sinta-se vivo, livre e provido de sensibilidade. Retorne ao mundo objetivo e decida se tudo deve mesmo permanecer como está. Mas depois não reclame tá!?

terça-feira, 20 de julho de 2010

O estado da cultura nacional que o Estado patrocina.

Há algum tempo alguém me apresentou a um livreto sobre algum assunto e, folheando-o, notei que contava com o patrocínio de uma empresa estatal local. Imediatamente comecei a tentar imaginar o caminho percorrido entre o intuito de escrever que outrora moveu o escritor e a ultimação de sua obra, então, sobre as minhas mãos. Não ousei, todavia, questionar o seu conteúdo. É que eu não arrisquei lê-lo temendo me vincular ao partido político do cara que colocou o outro cara na presidência da empresa, que por sua vez, nomeou aquela cara (de pau?) no conselho administrativo que aprovara a nomeação do fulano que iria autorizar a rubrica cultural do Autor, que eu nem sei quem é. Deixa-me explicar: foi um presente "gratuito" de alguém que conhecia alguém da empresa, e, sabe como é né, de graça, sobretudo em época de campanha eleitoral, significa "danou-se: vai votar nela (ou nele) ". Ou quiçá: "tá me devendo um favor meu....". Fico feliz em saber que as empresas reservam parte de suas reservas para colaborar com a evolução cultural do país, mas me preocupa quando essa empresa é pública e quando o público ignora o processo que realiza a ponte entre a vontade de escrever um livro, a sua edição materializada e sua distribuição evidenciada pela entrega gratuita aos passantes de plantão, de então ou de sempre. O mesmo raciocínio vale para todas as artes. Que tipo de peça teatral poderia ser aprovado pelo conselho gestor da empresa pública que porá dinheiro público na cultura pública, para o público em geral? Algo do típo "vem pra peça você também....vem"?
De certa forma, parece existir um plasma psíquico que insiste em se acomodar nas glândulas mamárias do Estado - essa vaca gigantesca - plasma esse que congrega, com sua gosma indestrutível, políticos, escritores, atrizes e atores, diretores e roteristas, blablabistas e outros horrores existenciais que insistentemente influenciam para a mantença do status quo imperante.
Quando eu for comprar meus pãezinhos, meditarei sobre o imposto cobrado sobre o trigo, o latifúndio, o combustível do trator, o sal do mar e os moinhos....sem ventos aparentes. Quando eu for comprar meus pãezinhos, lembrarei que a única iniciativa privada digna de lembrança nesse respeitável veículo de manifestação, é aquela consignada na capa do polêmico livreto, por parte da gráfica, quando inseriu a marca de um governo qualquer, insinuando-se assim: Brasil um país de todos.....complemento: os que votam em mim! (agh! desculpa! vomitei.)

( ) espaço em branco para o patrocínio da Caixa Econômica Federal
( ) espaço em branco para o patrocínio do Banco do Brasil
( ) espaço em branco para o patrocíno dos Correios do (???) Brasil
( ) espaço em branco para o patrocínio da Petrobrás
( ) espaço em branco para mensagens e patrocínios de sindicato de qualquer categoria.
( ) espaço em branco para a nova empresa estatal de petróleo que ainda não foi criada
( ) espaço em branco para qualquer empresa pública que vir a ser criada
( ) espaço em branco para qualquer empresa pública ou privada que não joga dinheiro na latrina - por isso eu sei que esse espaço em branco continuará branco.
( ) espaço em branco para quem quer patrocinar o espaço em branco

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Se os criadores do Estado ressuscitarem, recorrerão à psicanálise.

Certa feita me deparei com uns livros velhos e, folheando-os, deparei-me assustado com parte dos conteúdos embotados pelo amarelo que todo o tempo faz desprender. Para não me tornar exautivo, cito apenas alguns deles:

"Capítulo X - Do abuso do governo e seu pendor a degenerar. Assim como a vontade particular atua incessantemente contra a vontade geral, também o governo esforça-se continuamente contra a soberania. Quanto mais esse esforço aumenta, mas a constituição se altera; e como não há aqui outra vontade que, resistindo àquela do príncipe, venha a equilibrá-la, deve acontecer, cedo ou tarde, que o príncipe oprima finalmente o soberano e rompa com o contrato social" (Jean Jacques Rousseau: in 'Rousseau: do contrato social e discuros sobre economia política, Ed. Hemus, SP)

Meditando sobre esta frase e puxando pela memória, recordei-me que para Rousseau, célebre autor da obra popularmente conhecida por "do contrato social", o "soberano" é a sociedade ou o povo política e juridicamente organizado (a síntese da vontade geral). O príncipe o personagem que dirige o "governo"; o contrato social, o instrumento (pacto) que autoriza ao "príncipe" dirigir a vontade do "todo" , através de atos de uma pessoa que governa o soma das vontades individuais, colaborando com sua organização e harmonizando suas eventuais contradições individualizantes, sempre em harmonia com a vontade do soberano (sociedade organizada), visando ao seu bem comum.

Quando o filósofo alude à pressão do governo contra a soberania (expressão da vontade coletiva de todos), e prevê que o príncipe, confundido a sua vontade com a vontade geral, mas sem representá-la de fato, tende a fazer romper o pacto social representado pelo elo que une uma coisa a outra (vontade geral - o soberano - e vontade do príncipe: então súdito), fazendo imperar a inversão de valores e a distorção do nexo ou vínculo de representatividade, fiquei assustado com as coincidências intertemporais.

Quando esse pequeno texto é lido com atenção, nota-se que Rousseau, um dos primeiros consolidadores da forma do Estado moderno, alenta com eficiciência extraordinária , eu diria, quase profética, acerca da probalidade do contrato social ser rompido pela pressão que o príncipe (que dirige o governo e deveria representar a vontade do soberano: vontade geral) exerce impondo a sua vontade pessoal, em detrimento de todas as demais vontades.

Chama a atenção de forma ainda mais impressionante, a expressão utilizada para identificar o fenômeno que determina, enquanto efeito, a pressão do príncipe (governo) contra o soberano (vontade geral). Ei-la reproduzida: "Quanto mais esse esforço aumenta, mais a constituição se altera". Mestre é sempre mestre. Isso foi escrito em meados do século XVIII.

Hoje, vivemos sob os auspícios da obrigatoriedade pelo respeito a um pacto que, sendo jovem (1988), já foi alterado mais de sessenta vezes. Eu disse: "mais de sessenta vezes". "Quando mais o esforço do príncipe aumenta para impor a sua vontade, mais a Constituição se altera", reverbera nos porões da alma coletiva do mundo, o alerta acerca do que ocorre no Brasil, que teima em andar na contramão da história.

Para se alterar a Constituição Federal (o nosso contrato social escrito), é necessário um procedimento que exige quorum qualificado. O constituinte (o órgão que foi instituído para introduzir no território nacional uma nova ordem jurídica), quando preconizou uma condição especial e qualificada (quorum) para que se pudesse alterar o pacto nacional, imaginou que somente as matérias reclamadas pelo soberano (vontade geral) seriam passíveis de sofrer alteração, pois a referida alteração (via Emenda Constitucional), implicaria na mobilização das duas casas do Congresso Nacional (Senado e Câmara de Deputados), e a sua aprovação por maioria qualificada, ou seja, em dois turnos com aprovação de 3/5 em ambos os turnos.

Como o Senado representa as unidades do pacto federativo (Estados) e a Câmara dos Deputados a população, é fácil constar (no campo hipotético) que somente quando a sociedade pressionasse os poderes, é que as propostas por mudança no texto constitucional se evidenciariam. Mas elas vieram em cascata (sequência... para não pensarem que se alude a cascata enquanto expressão que alude à mentira), e o pacto foi alterado como se altera uma lei comum (por isso chamada ordinária, sem trocadilhos). Rousseau alertava: quanto mais a pressão do príncipe aumenta, mais a Constituição se altera . O alerta de Rousseau vale para os morimbundos de plantão: o principe se dissociou da sociedade, e, ao que parece, não pretende se reconciliar com o verdadeiro soberano, no dizer de Rousseau: a vontade geral. (ou será que a vontade geral deseja isso, dada a completa omissão com a qual se comporta?)

Valeria, diante disso, apostar na proposição de Montesquieu, percussor do modelo atual tripartite (legislativo, executivo e judiciário), quando afirma que "Cumpre seja o Povo julgado pelas leis, e os grandes pela fantasia do Príncipe; que a cabeça do último dos súditos esteja em segurança, e as dos Paxás sempre expostas"?

Mas se todos eles, na sua época, apontaram para possibilidades de corrupção no sistema, pela deformação da vontade geral, em homenagem à vontade do príncipe, enquanto este brinca de poder com o nosso Poder, como explicar o que se verifica em pleno Século XXI, quando reproduz a circunstância alertada em pleno século XVIII?

O tempo é relativo e até pode ser curvo, mas não exageremos na deformação daquilo que o ululantemente óbvio reclama: Os Poderes da República foram deformados pelos vícios implementados pelos corruptores e corruptos que se abrigam sob a égide do conceito de Estado, que devendo ser Estado, tem estado no estado catatônico de algo qualquer que quer que tudo se dane, inclusive o conceito, o Estado, a vontade geral, e qualquer outra coisa que não seja a vontade de um símio e a do grupo correlato que vem a comandar, a pretexto de poder, o circo montado para a alegria dos incautos, débeis mentais e desestimulados políticos, nominando sucesso político a capacidade de corromper macacos em fase de desenvolvimento que se elegem sem que se possa compreender como ou porquê, bestas imbecilizadas que mal sabem falar o português corretamente, tudo porque o magma psíquico sedimentado pela circunstância ensina crianças a pensar que um cérebro intelectualmente deficiente, em nome da igualdade, pode mesmo governar um país de dimensões continentais, a pretexto de igualdade, sob o sofisma de uma doentia propalação de um socialismo esquisito, que dá a cada cidadão, a parcela de ignorância que lhe cabe. Eu passo!!!!

Por via das dúvidas, fico com Nietzsche, quando afirma que:

Estado chama-se o mais frio de todos os monstros frios. Friamente também ele mente; e esta mentira rasteja de sua boca: 'Eu, o Estado, sou o povo'[1].


[1] In "Assim Falou Zaratustra: Um livro para todos e ninguém.”

Por via ainda mais das dúvidas, fico comigo mesmo, quando digo: "Volta Rousseau! Volta Montesquieu! Volta Nietzsche! Volta você que nem sequer foi!! Volta você que me lê! Volta, você que não me leu! Volta a volta dos que não foram.....ludibriados pelo sistema"!!!!

terça-feira, 2 de março de 2010

Propagandas governamentais: quer ver?

A Constituição Federal estabelece que a publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos (par. 1º do art. 37).

Em que pese essa orientação, os entes da federação vêm extrapolando nas produção e veiculação de propagandas que em nada educam, informam ou orientam a sociedade. Trata-se, geralmente, de vídeos produzidos para sensibilizar o público com musiquinhas emotivas de fundo, onde aparecem imagens de crianças, mulheres, negros e velhos (segmentos preferidos dos publicitários) seguida de afirmações do tipo "a prefeitura trabalha pelo bem de nosso povo", "governo do Estado do ....., trabalhando por você", ou ainda: "PAC: voltar atrás nunca mais" , etc.. Via de regra, não informam nada, não orientam em sentido algum, e em nada educam a sociedade, todavia, fazem despender uma quantia considerável de recursos públicos inutilmente vertidos, sem que qualquer benefício, ainda que indireto, seja vislumbrado pelo povo. Em alguns casos tentam sugestionar a população de que esse ou aquele programa de governo (bolsa família, PAC, etc.) realiza milagres. Em todos os casos, contam com a participação de um artista global para fazer parecer que a coisa é mesmo séria. Coincidência ou não, são os mesmos artistas que aparecerem na propaganda eleitoral gratuita (como se existisse o tributo que se paga gratuitamente).

Esse texto tem o fito de denunciar ao leitor que muitos dos desvios de verba públicas, são patrocinados através de algumas agências de propaganda e publicidade, e que essa prática se evidencia em maior proporção em anos eleitorais.

Alguns de vocês já leram em algum veículo de informação que o Ministério Público interviu no sentido de anular produções publicitárias de entes, empresas e órgãos públicos, requerendo a devolução do recurso público empenhado para enriquecer empresas de publicidade e publicitários, ou já ouviram no jornal nacional, jornal da Bandeirantes, do SBT ou da Record que é necessário dar um basta a esse tipo de prática, pelo bem da nação? Claro que não! As redes de rádio e televisão ganham pelo espaço utilizado na sua programação para essa espécie de propaganda governamental.

As redes de rádio e televisão, os jornais e as revistas, isto é, os meios de comunicação, veja só, vivenciam uma época de vacas gordas com o nosso suado dinheirinho. Vai ver que é por isso que o conteúdo das peças publicitárias faz subentender que tudo está melhor do que parece, porque, ao que parece, todos se parecem, em si mesmo considerados ou em relação ao outro, devendo-se entender o "outro", como "si próprio que se esqueceu", e eu esqueci de não me alongar no texto, em homenagem ao contexto.

Genetriz Estatal coça a cabeça tentando elucidar uma grande dúvida: Se o governo publica sua propaganda nas rádios, televisões, jornais e revistas, e se estas são autorizadas pelo poder público a empreender suas atividades (o que envolve relações políticas), quem deve ser mais crível quanto ao conteúdo que produz: o governo, o veículo de comunicação, a empresa de publicidade, o publicitário ou você no que você pensa? (rusk, rusk, rusk)

Nota: Rusk, Rusk, Rusk= o barulho dos dedos da genetriz estatal coçando a cabeça.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

A humanidade gerou o Estado. Deve, pois, educá-lo condizentemente.

O primeiro texto é abstraído pela capacidade intrínseca de cada ser humano, quando intenta externar suas ações por meio de mecanismos lógicos que, organizados pelo espírito, evidenciam uma manifestação no sentido de causar alguma coisa, como se toda a causa humanamente originada perseguisse a ordenação de todos os efeitos possíveis, esquecendo-se de si, enquanto efeito primordial, desatento quanto à causa que lhe determina o movimento.
Esse texto existe a partir da mobilização de uma vontade, e cria, na medida de suas limitações, um espaço para manifestação. Não fosse o potencial humano para produzir efeitos, essas linhas estariam dormitando na terra do nunca e não existiriam, exceto no imaginário de seu autor. Esse texto quer provar-se existente e, sem uma humanidade, sequer poderia ser imaginado. Num texto assim, gerado expontaneamente a partir de uma vontade, nada se poderia inferir, exceto o fato que aponta para a proposição de que o homem é o único animal capaz de manipular efeitos, combinando-os indefinidamente, à mercê da relação que estabelece com toda a humanidade possível, humanidade que cria a partir do que percebe e repete-se no que não percebeu, porque o homem cria para o homem e para mais ninguém.
Dentre tantas maravilhas geradas pelo imaginário humano, as ficções são, talvez, as filhas mais intrigantes da imaginação humana. A ficção literária cria e dá forma a algo que, inexistente na concretude dos sentidos, existe, todavia, no interior das almas, por isso alimenta a fome pelo que há de impossível no coração das pessoas. A ficção científica, no mesmo sentido, organiza possibilidades com o pressuposto de que se trata, não de uma mentira, mas de uma probabilidade ainda não materializável, incentivando a alma humana na busca da platônica configuração possível do existir e do ser. A ficção jurídica segue pela mesma esteira. Cria conceitos e verdades temporais que se projetam no território da imaginação, determina sua genetriz e a produção dos efeitos projetados pelo corpo social, traduzidos pelo seu consciente coletivo, empresando-lhe a sensação de existência real, tão bem articulada que constantemente é deificada pelas pessoas que a alimentam como algo, claro, distinto de si mesmas.
O homem criou o Estado - ficção jurídica por excelência. Deu-lhe uma forma e regeu sua estrutura significativa no sentido do bem comum. Mas apesar do fundamento existencial que determinou a criação desta figura abstrata, não se nota que a produção dos efeitos pretendidos se evidenciam na vida real de seu criador. A figura, em via de mitologização, ganhou vida própria e , de criatura, passou a ser criadora, ditando regras, criando, sempre virtualmente, realidades potenciais. O Estado, graças à intervenção de uma parcela da mesma humanidade real que o gerou, produziu efeitos que não consubstanciam o bem comum, finalidade precípua do Estado.
Essa mesma parcela da humanidade, que passou a integrar o Estado, vivificou o que havia de imobilizado na ficção, fazendo confundir o Estado com aqueles que o integram, como se o abstrato e o concreto fossem, de alguma forma, a alma e o corpo de toda a sociedade. Essa confusão aos poucos foi alimentando esse monstro deformado que, criado para sustentar a organização social do homem, passou a querer dirigí-lo e obrigá-lo a retroalimentar o sistema que o mantém "vivo", no imaginário coletivo de todos os segmentos sociais.
Genetriz significa "aquilo que gera", "matriz" , "mãe", e este espaço cibernético existe para nos lembrar quem criou quem. O Estado é a criatura e não o criador. Deve obedecer e não exigir obediência. Deve, pois, proceder com temor reverencial aos seus pais, nós, que consciente ou inconcientemente, o alimentamos fartamente , sustentando os seus objetivos, não a sua existência em si mesma. Genetriz Estatal existe para lembrar que é o homem quem é o senhor do Estado, num contexto em que este pretende divinizar-se perante o seu próprio criador. Genetriz exige o respeito estatal. Que a providência divina nos auxilie neste particular mister: reconfigurar a mente do homem para que restabeleça o controle sobre a sua criação, reintegrando-se a idéia de que o Estado existe para subsidiar o bem comum, não a sua subsistência em si mesma, inútil se assim configurada. Sejam bem vindos a si mesmos na interação com esse espaço, que como se propugnou no início desse texto, definiu-se como um útero maduro e aberto para novas fertilizações, aguardando toda e qualquer manifestação que contribua para reforçar na memória coletiva da sociedade brasileira, que foi o homem quem criou o Estado, e não o contrário.