Meditemos um instante sobre nossa relação com essa figura nominada Estado, como se estivesse no ambiente mais sagrado de nosso templo ou de nosso coração. Por favor, estamos ingressando em um local previamente purificado pelos nossos pensamentos, afastando cogitações profanas e quaisquer vibrações que não se harmonizem com a santidade do lugar: o "nós mesmos" de cada dia que inspira e expira várias vezes aos mesmos dias, até que o fim se evidencie. O fim, meus caros leitores, corresponde ao derrubamento do templo pelas oxidações pouco vacilantes que fazem enrugar peles, inoperar músculos, confundir pensamentos, desacelerar corações e paixões dantes motivadas pela proximidade com o início, que a proximidade com o fim faz esquecer. Eis-nos vivos e vivificados pelo tempo que nos resta em busca da felicidade. Silêncio...silêncio...silencio.Meditemos.....
Ao nascer levamos uma palmada de alguém que sequer conhecíamos, somos, portanto, provocados a reagir desde o início, sem que, todavia, saibamos corretamente contra o quê.
São anotados os registros de nossos sinais vitais, tamanho, peso, teor de gordura, sexo, informações clínicas que se antecipam à matemática porvir que o Estado faz computar em seu banco de dados, através dos hospitais, obrigatoriamente vinculados a algum Ministério do Estado, talvez, o ministério do abate vindouro, no sentido de abate líquido e certo. Data do nascimento, signo, tipo sanguíneo, fotocópia do pezinho enquanto um pezão se prepara para nos chutar o trazeiro, para fora do hospital , depois de catalogados os dados, é claro.
Insatisfeitos com os dados clinicamente colhidos, o Estado determina que os progenitores se dirijam ao cartório de registros de pessoas naturais (como se fosse natural), para que o mesmo certifique que a prole que nasceu há dias ainda não morreu e por isso deve mesmo ter o registro do nascimento publicizada , para que todos saibam que o filho da mãe e do pai, é de fato o filho da....mãe e do pai que estavam no hospital quando isso ocorreu, conforme o declarado. É gratuito, afirmam, como quem quer dizer : "merda, essa porra viveu e vai dar despesa".
Feito isso, como porcos e vacas submetidos ao controle do órgão de vigilância sanitária, fornecem gratuitamente (vou chorar de emoção!!), uma carteirinha de vacinação, que a pretexto de controlar endemias, servem para fomentar as estatísticas que subsidiam os orçamentos anuais, com direito à emendas espúreas e tudo.
Em seguida, os registros escolares determinam quem você será, de tal maneira que o caboclo que nunca saiu de Cruzeiro do Sul no Acre esteja igualado com o aluno formado na melhor escola de São Paulo ou outro centro urbano, e ambos, igualados por mais um certificado que o Estado fornece ou autoriza a fornecer, irão compor o banco de dados do Ministério da educação, cujo principal mister é ignorar o que ocorre a sua volta. Não que ignorar não seja complexo, mas fico perplexo com a ignorância do povo ignorado por quem sequer sabe ignorar com eficiência, mas valemo-nos do que há de positivo nisso: as estatísticas que revelam o nível de ignorância do nosso amado povo, ignoram que não se pode igualar coisas desiguais (que Rui Barbosa me perdoe), e por isso, ignorados pelos pais que certificaram que seus filhos nasceram, ignoram tudo isso que eu disse. Eu mesmo ignoro o que eu disse. Na verdade, eu me ignoro completamente.
Para não enlouquecer ou esquecer de qualquer loucura, somos acostumados a pensar no Estado, que chamamos loucamente de "governo", como sendo o responsável por tudo o que acontece na nossa vida e olvidamos que nossa respiração, nossa meditação e nossa consciência começam a se agitar. Ingressam no quinto círculo do inferno dantesco.
Seguindo a ordem natural da coisas, nossas crianças, ouvindo-nos vifificar a figura do Estado a cada momento, em casa, na televisão, na escola, na rua, na .....(deixa pra lá), já oram pelo bem estar do mesmo, e, mais adiante, para o mesmo, em nome de todos os bens estares do mundo. É a deificação de um estado de coisas indetermináveis por natureza.
Cresceram e deverão ser identificados como se nunca houvessem sido identificados na vida, quando "tiram a identidade", registro que, além de geral, gera muita dúvida na geração que vêm, e que gerará a outra que poderá comprar sua identidade junto com o ship de uma empresa de telefonia qualquer (com a Anatel de olho, é claro). O Estado, no afã de reforçar o controle sobre o bando de gente que deve "governar", obriga nossas crianças a solicitar a identidade oficial, já no ensino fundamental, havendo escolas que exigem RG para matricular pessoas no ensino publico ou privado, e assim , crianças, despreparadas, regozijam-se em parecer com adultos desmiolados, com identidade e registro mais sofisticados, posto que gerais. O dedo polegar, que poderia sinalizar positivo para atitudes positivas, imprime dactilos gráficos juvenis, sem pressentí-los humanos, antes de tudo, antes mesmo de permití-los crescer de forma arejada e livre (entenda-se:organizando sua mente a partir de sua própria percepção de si mesmo e do outro). Antes disso, devem alistar-se nas forças que desarmadas pela falta de verbas, municiam a psiquê de adolescentes masculinos com balas conceituais com sabor de amor à pátria, enquanto aviões militares trasnportam Presidentes estrangeiros em ano de eleição.
Nossa criança, já então quase adulto, inscreve-se no Ministério da Fazenda e ganha outro número, número que reflete o furto qualificado que se evidenciará tão logo alguém informe ao Estado que já está trabalhando para alguém, que também possui um número, razão pela qual , logo em seguida, exigem-lhe que uma carteira de trabalho se interponha entre uma iniciativa e uma oportunidade, como se para trabalhar, fosse necessário informar ao Estado o quanto ele roubará de suas perspectivas futuras....estão entendendo onde quero chegar?!
Nessa carteira, anunciada com ares de medida positiva, informa-se que a previdência o espera sob o mesmo número e que é por isso que a sua remuneração virá menor do que o anunciado pelo empregador. Números, controles, escravidão qualificada pelo resultado.
Não vou falar da certidão de casamento, de óbito, para não cansar sua beleza, já que a proposta deste texto é fazer com que todos reflitam sobre a gradativa operação a que se submete seres humanos, sob o manto das imperiosas necessidades sociais dos mais fracos, quando na verdade, ao menos nos parece, o aparelho serve para fragilizar seres humanos e torná-los dependentes da rede social que em progressão geométrica, vem erguendo a seu redor, como uma colonia de carrapatos que sugam a força de seu hospedeiro, até que, adoentado, não consiga mesmo distinguir, bó de cró, e nós, crococas, dopados de Estado por todas as vias (circulatória, respiratória, etc.), vamos dizendo sim a uma ilusão que, à luz da ciência vem produzindo alucinações nos povos, e, o que é pior, catalogando nascimentos, casamentos e falecimentos), à revelia de qualquer vontade individual. É proibida qualquer medida lúcida de combate à ditadura imposta pelo grupo de indecentes analfabetizados que tomaram postos importante dentro da estrutura de governo, que alguns ainda insistem em chamar de Presidência da República, Senado, Câmara de Deputados, Supremo Tribunal Federal, Tribunal de (ih..ih..ih..) Contas da União. Da união, entendeu? Não!?. Relaxe. Eu também não.
Não se propugna pela anarquia geral , ampla e irrestrita, pois não pactuamos com essa idéia, mas a ordem e o progresso, consignados na flâmula que representa a nação, vem imperiosamente determinando que, a partir de agora, o Estado é quem registre em nosso banco de dados o que vem fazendo com os recursos amotinados pelas exações fiscais brutais a que submete o povo brasileiro. Que o Estado torne público, como o faz com todos os nascimentos e mortes, todo o sistema de drenagem de recursos, que representam, em algum e altíssimo grau, o sangue de uma nação que precisa se medicar urgentemente, com uma dose de inteligêncica, vontade e coragem, para chamar de cró, o que é cró, e de bó, o que é bó. Boboca, porque em campanha eleitoral você diz que nunca antes nesse país aconteceu o que não se vê mesmo!? Que o Estado registre em seus dados, mais do que o meu IP , o meu espírito de asco, contra a nojeira em que nos atolamos sob sua dependência, sob a sua irresponsável coordenação, para que , a cada dia, organizemos o nosso banco de dados para saber o que vem acontecendo no Reino da Dinamarca. Digo: Na República (ahahahahahahah!!!) Federativa (ahahahah...para vai!) do Brasil (uhuhuhuhuh..aaaaiiii!! chega, pelo amor de Deus).
Agora gafanhoto, retorne à dimensão da realidade, encerrando a meditação proposta no início deste texto, respire profundamente e sinta-se vivo, livre e provido de sensibilidade. Retorne ao mundo objetivo e decida se tudo deve mesmo permanecer como está. Mas depois não reclame tá!?
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